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Estratégias para entender o desenvolvimento econômico

31 de agosto de 2012

“Desenvolvimento Econômico é acumulação de capital; ela está no centro do processo”. Com essa frase, o professor Carlos Pinkusfeld, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ) situou os parâmetros da primeira aula do módulo 3 do Curso Desenvolvimento Econômico e o Sistema Nacional de Fomento, promovido pela ABDE.

Nesta segunda semana, Pinkusfeld, na parte da manhã, apresentou para a turma as Experiências Industriais Internacionais e, à tarde, coube a Lavínia Barros de Castro, professora do Ibmec e funcionária do BNDES, dar início ao tema Desenvolvimento Econômico no Brasil (anos 1980-2012), pertinente ao módulo 4. 

O professor do Instituto de Economia, em vários momentos, fez perguntas para a turma, incitando-os a pensar sobre os processos de crescimento das nações. “Por que o Zimbábue é o Zimbábue e os Estados Unidos são os Estados Unidos? Por que sobra animação em uns e falta em outros? Por que deu certo em um e não em outro?”, perguntou Pinkusfeld.

Segundo o professor, há uma forma certeira de identificar o grau de desenvolvimento de um país. “É só verificar o tamanho da população que está trabalhando no campo. A população rural é uma variável importante”, disse. Ele lembrou também de outras variáveis, como o Produto Interno Bruto (PIB): “Quando o PIB per capita aumenta – temos mudanças –, a renda aumenta junto. Esses itens têm uma consistência nas trajetórias de desenvolvimento, que são muito repetidas. É uma engrenagem que dificilmente muda: são os mesmos sinais que observamos nos países que se desenvolveram”.

Às variáveis que permitem identificar as etapas do desenvolvimento das nações, Pinkusfeld acrescentou os determinantes históricos do processo. “O que mostrarei aqui é que os padrões de desenvolvimento não são diferentes da forma como o mundo se organiza. São fases, maneiras como as nações se arrumam em determinados momentos da história”, adiantou.

Se na parte da manhã, o foco do curso ficou por conta das teorias de industrialização e padrões de desenvolvimento, à tarde, Lavínia Barros de Castro trouxe a experiência brasileira para a sala de aula. 

Lavínia começou o crso apresentando as vertentes que discutem o modelo de substituição de importações, que vigorou no Brasil nas décadas de 1940 a 1970. “Nos anos 1980, havia uma convicção generalizada de que o modelo brasileiro tinha dado errado”, disse ao mostrar o programa do Módulo e lançar um desafio: “Ao final da semana, espero que consigamos descobrir por que o crescimento está tão travado? Por que continuamos com um ‘pibinho’? Mas, já adianto que eu também não tenho as respostas”, sinalizou.

A doutora em Economia trouxe para a aula a leitura inovadora do Antônio Barros de Castro sobre o modelo de substituição das exportações à brasileira. “Castro vai defender que a interpretação desse modelo não corresponde à realidade brasileira, que se aproxima muito mais da experiência asiática. Existem duas instituições que foram criadas e que foram fundamentais para explicar o desenvolvimento brasileiro: a convenção do crescimento e a da estabilidade”, afirmou. 

No primeiro caso, segundo Antônio Barros de Castro, o modelo brasileiro de substituição das importações vai ser sustentado pelo Estado (State-Led). “De 1930 a 1980, nenhum governante vai propor uma volta ao passado, todos serão desenvolvimentistas industrializantes. Nenhum vai poupar a meta de crescimento para conter a inflação ou estabilizar a política de balanço de pagamentos. Há uma convenção do crescimento”, pontuou Lavínia.

A convenção da estabilidade criou o ambiente no qual os capitalistas percebiam um ambiente favorável para investir, pois o Estado estava firme no propósito de promover o crescimento. “Foram 30 anos com o crescimento, em média, a 7% ao ano. Nessa explicação, com as duas convenções, Castro está mostrando que existia uma racionalidade econômica, que não era um modelo mecanicista. Ele sublinha o papel dos atores, como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek à frente desse processo”. 

Sobre o ponto de vista apresentado, Lavínia frisou que é uma das possíveis leituras feitas sobre essa época. “Esse é um período mais polêmico, pois foi um divisor de águas na economia brasileira. A corrente da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) falam do gigantismo brasileiro, que comprometeu o crescimento e, do outro lado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp) mostram que o crescimento se manteve sustentado por um longo tempo”, explicou. 

Os dois módulos (3 e 4) terminam no próximo dia 13/09, quinta-feira. No dia seguinte, sexta-feira, acontecem as palestras. Na parte da manhã será a vez de Ernani Torres (IE/UFRJ) e, à tarde, de Ricardo Bielschowsky (IE/UFRJ).

Fotos: Noel Joaquim Faiad

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