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Coordenadora fala sobre Estado e sistema financeiro

30 de junho de 2012

Jennifer Hermann, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do curso Desenvolvimento Econômico e Sistema Nacional de Fomento, não se lembra ao certo quando iniciou seu interesse pela economia. “Comecei lendo Marx, foi assim que entrei na economia”, relembra. Convidada pela ABDE para elaborar o programa do curso, Jennifer é formada em economia e tem larga experiência em pesquisa com os temas macroeconomia e economia monetária. “Há alguns anos estudo bancos públicos e instituições de fomento, que são parecidos, mas têm nuances”, aponta, já indicando a corrente de pensamento que norteia seu trabalho. “Sou uma economista de filiação keynesiana. Desde que comecei a estudar economia me interesso por Keynes”, afirma.

A influência do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946) na trajetória acadêmica da pesquisadora começou cedo, ainda na graduação. “Ele propõe que o Estado tem um papel fundamental na geração de crescimento e de desenvolvimento. Os keynesianos têm uma posição radical: não é possível ter crescimento sustentável sem a participação do Estado”, continua a professora, que dedicou especial atenção a um ponto da teoria do economista. “Tem um fio condutor que me levou a esse tema: a questão do financiamento. Isso sempre esteve na minha cabeça, sempre me preocupou. Estudamos pouco financiamento e quando pesquisamos é sempre a partir dos gastos, das escolhas de consumo das famílias. Mesmo Keynes tem uma visão muito específica sobre isso”, explica. Segundo a professora, o acesso ao crédito aparece mais nos artigos do economista inglês do que no livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, obra de referência do autor. 

Ela conta que, no meio econômico, coexistem duas posições sobre o financiamento: a que depende da poupança e a que é feita pelo Estado. “Há uma visão mais difundida de que financiamento depende de poupança. E a que Keynes descreve que é o financiamento público, pois para ele a poupança funciona no plano individual, mas não no coletivo”, explica. No mestrado, Jennifer aprofundou sua pesquisa sobre o tema, olhando especificamente para o setor público. “Estudei a questão da dívida pública, qual a sua relação com outras áreas da política monetária. A dívida em si não é um problema”.

Financiamento – Já a tese de doutorado foi sobre as crises financeiras, “cuja raiz é sempre o excesso de endividamento. E aproveitei para estudar melhor os problemas que o sistema financeiro passa”, completa. Só mais recentemente é que ela passou a olhar os componentes do sistema financeiro. “O trabalho está dividido em três partes, sendo eles mercado de capitais, crédito público e crédito privado”, cita.

Para o curso da ABDE, Jennifer montou um panorama do setor para nivelar o conhecimento dos participantes. “As aulas estão divididas por módulos que podem parecer fugir ao tema do financiamento. Mas, consideramos que é importante passar pelas dificuldades sobre o processo de desenvolvimento, visto que o financiamento é considerada como uma atividade meio”, avalia.

A professora, que é co-autora do livro Economia brasileira contemporânea: 1945/2004, pela editora Campus, reafirma as colocações do economista inglês ao pontuar os riscos da ausência do Estado norteando a economia. “Na fala do Estado temos espasmos, crescimento desordenado e resultados que podem até ser bons no curto prazo, mas ruins no longo”, conclui.

Jennifer já atuou como consultora em pesquisas para a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre outros.

Na reportagem de amanhã, a ABDE apresentará como está estruturado o curso, o calendário das aulas, o custo e os módulos. Saiba mais sobre o curso aqui.

Arte: Noel Faiad

 

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