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Palestras do curso da ABDE indicam perspectivas para o país

31 de julho de 2012

Os palestrantes do curso Desenvolvimento Econômico e o Sistema Nacional de Fomento, promovido pela ABDE, levaram os alunos, nesta sexta-feira (24/08), a um passeio pela conjuntura econômica brasileira, com direito a abordagens teóricas e à apresentação de dados empíricos.

A sexta-feira, último dia do curso em agosto, começou com a palestra de Antônio Corrêa de Lacerda, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e economista-chefe da Siemens. Com mais de 30 anos de experiência docente, o professor lembrou a longa relação que tem com a ABDE, como colaborador e fonte da revista Rumos. “É com grande satisfação que estou aqui. Este curso é muito importante, pois o grande desafio é olhar a conjuntura no longo prazo”, indicou ao iniciar a palestra. Ele comentou que costuma indicar a leitura da Rumos para seus alunos. 

Lacerda fez um retrato histórico do comportamento econômico brasileiro, considerando os últimos 20 anos. Ele falou a respeito das medidas adotadas para evitar o contágio da crise externa e do crescimento do crédito. “É fato que o governo sabe usar as políticas anticílicas com segurança, principalmente com o recurso à redução dos juros. O que vemos hoje – sobre a concessão de crédito – é que há uma maturidade da população. É um aprendizado em um setor que não vai mais crescer a 30% ao ano, porém a 8%, 15%, na medida em que houver uma redução nos encargos. Há espaço para que a elevação aconteça”, destacou.

Sobre o papel das instituições financeiras de fomento no quadro do desenvolvimento do país, o professor foi otimista. “Sempre terá espaço para as agências de fomento e bancos de desenvolvimento. Principalmente em áreas como desenvolvimento regional, inovação, sustentabilidade e infraestrutura, pois o volume de recursos para tais projetos é bastante significativo”, analisou.

À tarde, o palestrante foi o professor do Instituto de Economia da UFRJ, Luiz Carlos Delorme Prado, que também já teve artigos publicados na revista da Associação. “Há muito tempo escrevo para a Rumos”, comentou. Prado baseou sua palestra no resgate do termo desenvolvimento, quando e como o assunto assumiu posição de relevo no debate econômico: “Em 1944, o tema subdesenvolvimento aparece, tendo como ambiente a reconstrução do mundo no pós-guerra”. Depois, ressaltou o professor, na década de 1980, acontece um abandono do tema, para depois acontecer um resgate sobre a ótica da corrente neoliberal.

Nesse contexto, Prado relatou que nem sempre as teorias dão conta de explicar a realidade dos fatos. “A industrialização puxa a renda nas economias de mercado, mas isso nem sempre acontece assim. Na Holanda, o aumento da renda aconteceu antes da industrialização, ainda com uma economia artesanal”, exemplificou.

Na sequência, Prado apresentou os modelos da teoria sobre o comércio internacional e suas limitações. Ele explicou que no teorema da equalização do preço dos fatores, há uma relação entre os dois itens: “Quando o preço dos produtos comercializados pelos países são equalizados, então, os preços dos fatores também o serão”, ensinou.

Já no teorema de Rybczynski, quando ocorre um aumento da dotação de um fator de produção, em um país haverá um aumento da produção (do produto que usa intensivamente esse fator) e uma redução na produção de outra mercadoria, como uma substituição. “Mas, no pós-guerra, as teorias puras são colocadas de lado”, explicou ao pontuar a complexidade das relações internacionais, principalmente quando mediadas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt). Hoje as discussões acontecem no G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo.

Sobre o caso brasileiro, Prado retomou as discussões das décadas de 1970 e 1980, quando “o debate sobre o desenvolvimento econômico entra em crise, pois se percebe que a industrialização não consegue mais explicar o subdesenvolvimento. A questão é mais complexa do que parece”. Nesse contexto, uma forma simplificada de resumir o desenvolvimento econômico seria pensá-lo como “crescimento com mudança estrutural”.

As duas palestras fecharam a primeira semana do curso. As próximas aulas acontecerão entre os dias 10 e 14 de setembro. Os participantes que desejarem mais informações sobre os módulos seguintes (3 e 4) devem entrar em contato com a Coordenação de Treinamento da ABDE pelos telefones: 21 2109-6033/34/36, ou enviar e-mail para treinamento@abde.org.br.

Fotos: Noel Faiad e Livia Marques

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