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Fórum do Desenvolvimento debate a retomada do crescimento

30 de novembro de 2016

A recuperação da economia brasileira e o papel do Sistema Nacional de Fomento (SNF) no desenvolvimento do país foram o eixo central dos debates ocorridos nesta sexta-feira (02/12) no Fórum do Desenvolvimento. O evento, organizado no Rio de Janeiro pela ABDE e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio do Sebrae, reuniu especialistas em economia brasileira, contas públicas, sistema financeiro e setor produtivo.

Na abertura do encontro, o presidente da ABDE, Milton Luiz de Melo Santos, destacou que o país atravessa um momento de ajustes na economia e é preciso colaborar e estar preparado para um novo período de crescimento.

“O quadro é extremamente difícil, mas temos uma oportunidade extraordinária aqui para retomarmos a discussão e identificarmos novos caminhos. É preciso reorientar a economia para que o Brasil volte a se desenvolver. Não tenho dúvidas de que vamos superar esse momento, e a ABDE está pronta para colaborar com o país”, assegurou.

Contas públicas – Presente ao evento, o economista norte-americano Jan Kregel, diretor de pesquisa do Levy Economics Institute e especialista em política monetária e política econômica, avaliou que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241 na Câmara / PEC 55 no Senado) que congela o gasto federal pelo prazo de 20 anos não irá ajudar na retomada da economia.

Em sua análise, esse mecanismo não será a resposta mais adequada para as dificuldades atuais. No lugar da PEC ele sugeriu que seja dada ênfase na geração de empregos, que tem potencial para aumentar a renda e a demanda local, impulsionando o desenvolvimento. “No período de crise, em que há deficiência de demanda, o governo não deveria agir de forma pró-cíclica.”, avaliou.

A PEC, que já foi votada na Câmara, foi aprovada nesta semana em votação de primeiro turno no Senado.

O secretário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Giambiagi, apresentou um ponto de vista diferente. Ele defendeu as medidas de ajuste implementadas pelo governo federal, mas afirmou que a recuperação da economia será mais lenta.

Isso porque, segundo ele, diante da conjuntura política várias medidas importantes terão que ser tomadas apenas pelo próximo governo, a partir de 2019. Ele reafirmou a necessidade de serem realizadas reformas, principalmente por conta das despesas primárias do governo que crescem ano após ano, em um ritmo intenso.

“Estamos há trinta anos promovendo um exercício de autoengano, acreditando que os gastos podem aumentar sem maiores consequências. Há riscos muito concretos, que podem ocorre se não invertermos essa lógica”

Estabilidade – No painel “Qual desenvolvimento queremos?”, o professor do Hobart and William Smith College, Felipe Rezende, comentou que não se pode dissociar desenvolvimento de estabilidade econômica.

“O banco público de desenvolvimento é uma das soluções para reconciliar o desenvolvimento do país com o equilíbrio econômico”, explicou Rezende.

Ao abordar a temática do desenvolvimento, o professor da FGV, Nelson Marconi, considerou que a situação das contas públicas é preocupante, sendo a Previdência o maior problema. Contudo, ele enxerga o debate de forma distinta do diagnóstico que tem dominado o debate público, sugerindo que é preciso ações diferenciadas para os diferentes grupos que são afetados pelas políticas de seguridade social.

“Se o Brasil conseguir aumentar o investimento público, é muito possível que volte a se desenvolver”, avaliou Marconi.

Globalização X desigualdade – Em sua apresentação, o presidente do BDMG, Marco Crocco, voltou no tempo propondo a análise do último modelo de desenvolvimento que o mundo adotou na década de 1980: o da globalização.

Crocco mostrou que até 2008, o que se constatou foi o aumento da desigualdade social no planeta e que isso agora é tema de discussão nos países desenvolvidos, também muito afetados.

“O que se discute é que a globalização parece ser incompatível com a democracia, pois sofre de fraca governança”, afirmou. Sobre a realidade brasileira, o economista ponderou que “não há solução sem inclusão social”.

Premiação – O Fórum do Desenvolvimento foi encerrado com a divulgação dos vencedores do Prêmio ABDE-BID de Monografia. Em sua terceira edição, o prêmio incentiva trabalhos acadêmicos dedicados aos temas do fomento e do desenvolvimento. O resultado pode ser conferido aqui.

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