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Brasil em uma nova ordem mundial

31 de agosto de 2012

Os participantes do curso Desenvolvimento Econômico e o Sistema Nacional de Fomento, da ABDE, fizeram, na manhã desta sexta-feira (14/09), uma imersão na economia chinesa, na qual conheceram a estratégia de ação desenhada por aquele governo para colocar o país como motor do mundo. Quem conduziu o aprofundamento no tema foi o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), Eduardo Pinto. Na parte da tarde, o tema foi a conjuntura econômica brasileira, com o professor Ricardo Bielschowsky, também da UFRJ. As duas apresentações fazem parte das palestras que acontecem sempre às sextas-feiras, fechando a semana de curso.

Eduardo Pinto dividiu sua apresentação em duas partes: a evolução recente da economia mundial e o papel chinês nesse cenário. “A ascensão da China levou mudanças para todos os países. Houve um aumento geral no valor das commodities e uma redução no preço dos produtos manufaturados”, explicou o professor, que também já foi integrante do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

Segundo o palestrante, o crescimento das classes médias não é um fenômeno restrito ao Brasil: “Tivemos alterações nos termos de troca mundial, com a incorporação da classe média. Não gosto muito desse termo, prefiro pensar que tivemos um contingente de pessoas que saíram da pobreza e que agora conseguem comprar muito mais”.

Eduardo Pinto assinalou que a maior presença da China na economia mundial foi resultado de um conjunto de políticas adotadas pelo governo daquele país. “Houve a construção de uma política de desenvolvimento – cambial, fiscal e monetária – que permitiu o crescimento econômico e a estabilidade. O pensamento foi: ‘Precisamos ganhar dinheiro para sermos respeitados no mundo’. Estamos vendo o que o professor Antonio Barros de Castro chamou de mundo sinocêntrico”, disse.

Um dos exemplos dessa política se reflete na participação chinesa no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, que, de acordo com o palestrante, saiu de 1,9% na década de 1980 para 11% hoje. “Há uma nova divisão mundial do trabalho, pois a China se tornou a fábrica do mundo. E, se há uma desaceleração, ela é planejada”, afirmou Pinto que adiantou não acreditar em uma possível forte queda no crescimento desse país. “Se a China aterrissar em 3% de crescimento anual, o mundo para. Mas, é pouco provável que isso aconteça”, concluiu.

À tarde, o professor Ricardo Bielschowsky, autor do livro Pensamento Econômico Brasileiro, fez um retrato da transformação da economia nacional nas primeiras décadas do século passado até hoje: “A aula é sobre o pensamento econômico brasileiro construído nos anos 1930, da era desenvolvimentista até 1980, percorrendo o que chamo de ‘era da instabilidade macroeconômica’”. O programa da palestra também levou em consideração o perfil dos participantes do curso. “Quem entra na questão do desenvolvimento econômico, em uma instituição pública, precisa saber onde ela está, o que ela está fazendo e buscando. Afinal, essas pessoas vão atuar sobre a transformação atual, mas precisam ter consciência de uma longa trajetória de reflexão sobre esse assunto”, afirmou ao pensar no histórico da economia brasileira.

Para Bielschowsky, o momento é favorável para pensar o desenvolvimento e o futuro do país: “O Brasil está bastante sólido nos aspectos macroeconômicos, com possibilidade de expansão para o futuro. Nada será fácil, há muitos problemas a resolver, mas já foi mais difícil”. O professor acredita que existem três “motores” da economia que precisam ser mais bem trabalhados para que o país avance. “São três frentes de expansão do investimento: consumo de massa, infraestrutura e recursos naturais. O planejamento brasileiro tem que ser feito nesses três eixos. A partir daí, a competitividade aparecerá como uma resultante”, analisou.

A próxima semana do curso começará no dia 15 de outubro, com os dois módulos finais: Teoria Financeira (módulo 5) e Bancos de Desenvolvimento e demais IFDs (módulo 6). Para saber mais sobre a atividade, clique aqui

.Fotos: Noel Joaquim Faiad

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