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Prevenir crimes de lavagem de dinheiro. Com esse objetivo, a Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE) promoveu, nos dias 15 e 16 deste mês, um curso sobre o tema que envolvia também a prevenção a outros malfeitos, como ocultação de bens, direitos e valores e financiamento ao terrorismo.

O curso contou com 47 participantes de diversas instituições associadas à ABDE, sendo que no primeiro dia, o conteúdo foi ministrado exclusivamente para técnicos da Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (Investe Rio), que sediou o evento.

O instrutor Jair Camilo, economista com mais de 28 anos de experiência nas áreas de auditoria e fraudes, destacou a maior procura por essa temática, para além da determinação do Banco Central (Lei nº 9.613/98), que obriga a execução deste treinamento por parte das instituições financeiras. “Quando ocorre uma auditoria, há a exigência do treinamento. E também houve maior interesse em função das restrições legais e riscos operacionais que sempre existem”, disse Camilo. Ele frisou que, apesar de já tratar desse tema há muito tempo, há um assunto que sempre suscita dúvidas: “Tem um ponto crítico que é a ficha de cadastro. É um eterno problema que eu chamo de ‘terror do mercado financeiro’”, salienta. Segundo o instrutor, cada instituição tem um tipo de ficha, uma para pessoa física e outra para pessoa jurídica. Ele recomenda que é sempre preciso melhorar “a qualidade do controle e da organização da documentação” relativa a esse primeiro passo de contato com o cliente.

Camilo teve a oportunidade de tirar várias dúvidas dos treinandos, como a de Claudia Maia Zacharias, da Finep, a respeito do risco de fraudes em convênios. Ela perguntou: “Qual o perigo, por exemplo, de se firmar convênio com uma organização não-governamental (ONG)? O instrutor explicou que nesse tipo de transação há um grande risco. “Toda a instituição financeira tem uma matriz de risco, acordos com ONGs, em particular, são de alto risco, uma vez que há quem use essas instituições para lavagem de dinheiro. Teve um presidente de ONG que comprou um carro, para uso pessoal, no nome da entidade”, exemplificou.

Capacitação da equipe – Também participante do curso, Laerte Ramires, diretor de Crédito e Investimentos da Agência de Fomento do Estado de Roraima (Aferr), vê na capacitação uma oportunidade de levar o conhecimento à equipe. “O instrutor é um homem experiente, com muita prática, que não fica na discussão teórica, mas traz fatos reais. Temos a oportunidade de nos prevenir com base no erro dos outros. O objetivo é disseminar e aplicar o que aprendi aqui lá na agência. Temos a intenção de implantar um departamento na Aferr para lidar exclusivamente com isso”, explicou. Ramires salientou, ainda, a importância de se tratar desses assuntos. “Um cadastro bem feito e uma visita técnica para verificar a atividade e da capacidade do negócio são pontos básicos. É o início de tudo, é quando se pode verificar se há indício ou não de crime”, salientou.

Para Marcos Lima, chefe do Departamento de Enquadramento da Investe Rio, os temas abordados são importantes. “Já fiz um curso similar a esse em 2008. Acho que esse tipo de curso deveria ser periódico, pois há alterações nos regulamentos e nos crimes. Todos devem estar cientes das novidades nessa área, inclusive em relação ao que acontece fora do Brasil”, relatou. Ele pretende compartilhar com sua equipe de trabalho o aprendizado do curso. Colega de Lima na Investe Rio, o analista Marcelo Pádua lembrou outro ponto importante do treinamento. “É preciso pensar no risco de imagem para além do aspecto legal, principalmente em se tratando do setor público, uma vez que há exposição de pessoas com atuação política”, destacou.

O curso “Prevenção Contra Crimes de Lavagem, Ocultação de Bens, Direitos e Valores e do Financiamento ao Terrorismo” é oferecido, anualmente, pela ABDE, mas também pode ser realizado sob demanda, a partir do interesse dos associados. Veja o programa aqui.

Fotos: ABDE