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Selo premia empresas com iniciativas contra discriminação

31 de março de 2013

As funcionárias da Caixa Econômica Federal anualmente fazem exames de mamografia pagos pelo banco, que também instituiu um programa de equivalência de gênero em cargos de gestão e uma ouvidoria para casos de discriminação contra as mulheres no ambiente de trabalho. A empresa foi uma das cerca de 60 instituições públicas e privadas que receberam da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) o selo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça de reconhecimento por implementarem ações voltadas para a promoção da equidade de gênero e raça no ambiente de trabalho.

A iniciativa, destinada a empresas de médio e grande porte, reúne experiências voltadas para deixar o trabalho mais igualitário ou diminuir a dupla jornada de trabalho enfrentada pelas mulheres. Durante a premiação, nesta quinta-feira (25), a ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, fez um balanço das ações implementadas pelas empresas que coíbem discriminações e citou a elaboração de planos de carreira, criação de ouvidorias e o incentivo ao compartilhamento dos afazeres domésticos

“As discriminações no mundo do trabalho nem sempre são percebidas e demandam ações específicas para a mudança”, disse Eleonora. “A conquista da autonomia e da igualdade entre mulheres e homens é fator primordial para o desenvolvimento econômico do país”. O selo que poderá ser usado nos materiais de publicidade das empresas atestando o compromisso com a não discriminação de gênero e etnia. Elas executaram ao menos 70% das ações pactuadas e obtiveram um desempenho considerado satisfatório ou muito satisfatório.

“As grandes empresas têm muita influência sobre os seus parceiros em geral, sejam fornecedores ou prestadores de serviço e podem contribuir com a mudança de mentalidade”, disse Rebecca Marques, diretora regional da ONU Mulheres, órgão das Nações Unidas criado em 2010 e voltado para a promoção da igualdade de gênero.

A desigualdade entre homens e mulheres pode ser percebida na remuneração. Mesmo sendo mais escolarizadas, as mulheres ganham menos. Segundo dados do Censo de 2010, na faixa etária de 25 anos ou mais, o percentual de homens com pelo menos o nível superior foi 9,9% e das mulheres, 12,5% e a taxa de abandono escolar precoce é maior entre os homens (41,1%) do que entre as mulheres (31,9%), entretanto o rendimento feminino corresponde a 73,8% do masculino.

“Apesar de termos avançado nos últimos anos, a desigualdade salarial ainda é um desafio que persiste e precisa ser enfrentado”, disse a ministra Gleisi Hoffmann, que falou sobre a sua experiência enquanto diretora da Usina de Itaipu, uma das primeiras empresas a participar do programa.

A desigualdade é maior quando envolve o recorte de etnia. Dados da pesquisa Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2011, mostram que, em 2009, uma trabalhadora negra ganhava em média R$ 364,80, uma renda inferior a de uma trabalhadora branca, em torno de R$ 421,60. Em função dessa realidade, o recorte racial foi incluído entre as iniciativas premiadas pelo selo.

“O reconhecimento não é só um elemento simbólico, ele tem a capacidade de gerar mudanças na vida das pessoas e nas mentalidades corporativas, o que pode resultar em maior empoderamento das mulheres, especialmente as mulheres negras”,  disse a ministra Luiza Bairros ao elogiar a iniciativa.

De acordo com a SPM, as diferenças entre homens e mulheres são mais evidentes nos níveis mais altos de chefia onde, para cada mulher no comando, há seis homens. Além disso, as mulheres ainda encontram piores condições de trabalho, salários mais baixos e sofrem com o acúmulo de tarefas em função da dupla jornada.

“O programa contribui com a missão de promover a justiça social e a corresponsabilidade dos homens nas tarefas domésticas”, disse a oficial de Projetos do Programa de Igualdade de Gênero e Raça da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ana Carolina Querino. “O princípio da corresponsabilidade na divisão de tarefas entre mulheres e homens também é uma responsabilidade dos estado e das empresas”.

Fonte: Agência Brasil de Notícias/ Abr

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