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BNDES reúne experiências de bancos de desenvolvimento no mundo para iniciar elaboração de sua estratégia de longo prazo

30 de abril de 2017

Quatro meses após
reformular profundamente suas políticas operacionais, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) inicia o processo de reflexão interna que vai levar
à elaboração de uma estratégia de médio e longo prazo, com diretrizes até 2030.
Até o fim do ano, um ciclo de discussões envolvendo o corpo técnico do Banco
vai debater quais deverão ser o papel e a atuação do BNDES numa economia com
baixas taxas de inflação e de juros. O primeiro passo foi a realização, na
última sexta-feira (05/05) do seminário internacional “O papel dos bancos de
desenvolvimento no presente e no futuro: experiências, oportunidades e
desafios”, promovido em parceria com o Banco Mundial, que reuniu executivos
de oito instituições internacionais de fomento e funcionários do BNDES, durante
um dia inteiro. O evento também marcou o início de uma série de atividades em
comemoração aos 65 anos do BNDES, que serão completados em junho. 

Antes de iniciar o
desenho de uma nova visão de futuro, o BNDES foi buscar, nas experiências de
seus pares, elementos para a reflexão interna da instituição em meio às transformações
econômicas e sociais em curso no Brasil e no mundo. Instituições multilaterais
de fomento e bancos nacionais de desenvolvimento têm contribuído de forma
marcante para o crescimento mundial desde a segunda metade do século 20. No
entanto, o debate sobre o papel dessas organizações, em economias desenvolvidas
ou em desenvolvimento, tem se intensificado desde os abalos sofridos pelo
sistema financeiro internacional, com a crise desencadeada em 2008.

Como fomentar
investimentos que compatibilizem crescimento econômico, distribuição de renda,
desenvolvimento tecnológico, inclusão social e sustentabilidade ambiental, sem
gerar distorções na economia? Como estabelecer uma relação complementar entre a
atuação de instituições públicas de fomento e o mercado privado de capitais
para viabilizar mais projetos de interesse da sociedade? Esses e outros
desafios foram abordados no seminário em uma série de painéis e debates que
tiveram a participação da alta administração do BNDES e de cerca de 350
empregados nas sessões abertas a todo o corpo funcional. Além de representantes
do Banco Mundial, estiveram presentes executivos da Associação Latino-Americana
de Instituições Financeiras (Alide) e das instituições de financiamento DBSA
(África do Sul), KfW (Alemanha), Corfo (Chile), CDB (China), FDN (Colômbia),
Nafin (México).

Mais com menos – A alocação mais eficiente de recursos cada vez
mais escassos diante da crescente expectativa dos cidadãos por melhores
serviços, empregos de qualidade e infraestrutura mostrou-se o principal desafio
em comum. Executivos explicaram como suas instituições estão trocando o papel
de mero financiador pelo de catalisador de investimentos, atuando como
coordenadores da participação do mercado de capitais e de investidores
institucionais no financiamento de projetos.

O presidente da FDN,
Clemente del Valle, apresentou o exemplo da agência colombiana de fomento
criada em 2011 para superar histórico déficit em infraestrutura de seu país. A
partir de um capital de US$ 2 bilhões, conseguiu alavancar um pacote com
investimento em infraestrutura quatro vezes maior, mobilizando investidores
institucionais e atraindo a participação de bancos estrangeiros para as
operações. Em outro exemplo, Luiz Felipe Oliva, representante da Corfo, mostrou
dados de um programa de garantias para pequenas empresas da instituição de
fomento chilena que, considerando seu poder de alavancagem, alcançou 5,0% do
PIB do Chile. Em todas as instituições que fizeram apresentações existe apoio
especial para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), segmento que mais gera
empregos e tem mais dificuldades de acessar o crédito bancário.

Uma das saídas para a
ampliação do acesso ao crédito é o uso de ferramentas e plataformas digitais,
como é o caso da plataforma digital apresentada por Mario de la Vega, diretor
da mexicana Nafin, que virtualmente transformou o banco de desenvolvimento em
uma espécie de fintech. O representante do KfW, Wolfgang Reuβ, contou
que tecnologias de integração de sistemas com agentes financeiros repassadores
de crédito do banco de fomento alemão praticamente já tornaram realidade um
sonho antigo: a conclusão de uma operação de crédito no tempo em que o cliente,
ao ser atendido numa agência bancária, toma um cappuccino.

Infraestrutura – A infraestrutura teve destaque como uma
importante vocação dos bancos de desenvolvimento e um desafio em todos os
países, sobretudo no cenário de baixa capacidade de investimento público,
devido às fortes externalidade dos investimentos. Os desafios vão além do financiamento,
envolvendo questões regulatórias, dificuldades de estruturação de projetos,
escassez de garantias e questões relativas à gestão de risco, sobretudo, em
projetos greenfield. Geração de energia, saneamento básico, transportes
e mobilidade urbana são investimentos que geram externalidades positivas nas
dimensões econômica, social e ambiental, mas escapam da lógica
econômico-financeira dos bancos convencionais por seu longo prazo de
estruturação e, consequentemente, elevada incerteza. Os participantes do
seminário pontuaram que bancos de desenvolvimento, além de financiarem
diretamente a infraestrutura, podem contribuir com a estruturação de projetos e
funcionar como “sinalizadores” para a atração de financiamentos privados,
especialmente de investidores institucionais, como fundos de pensão e
seguradoras.

Paul Currie, chefe da
área de risco do DBSA (África do Sul), contou que o banco da África do Sul
empreendeu uma forte reestruturação interna nos últimos anos para alavancar
investimentos privados e coordenar interações entre diferentes esferas de
governo. Ao financiar investimentos públicos, o banco foca no apoio a
prefeituras para expandir redes de abastecimento de água, que têm grande
impacto social. 

A necessidade de
apoiar projetos geradores de externalidades para toda a sociedade foi reforçada
em todas as apresentações. Mesmo no caso de uma economia desenvolvida como a da
Alemanha, há falhas de mercado a serem preenchidas pelas instituições de
desenvolvimento. O representante do KfW deu como exemplo a atuação do banco no
financiamento habitacional, com destaque para a sustentabilidade. Ele também
citou o crédito à exportação como um elemento estratégico para a economia
alemã. O KfW vem se especializando no apoio à exportação de aviões e transatlânticos
e também tem atuado como braço da política externa alemã financiando a
exportação de serviços com seguro de crédito envolvendo garantias do governo da
Alemanha.

Educação – Outro destaque do seminário foi a necessidade
de aprimorar mecanismos de avaliação do impacto da atuação dos bancos de
desenvolvimento como forma de aperfeiçoar sua atuação, nem sempre fácil devido
à dificuldade de estabelecer análises comparativas com contrafactual. Os
participantes concordaram ainda que as instituições precisam olhar para a
educação como um importante componente de investimento para o desenvolvimento
dos países, uma vez que o capital humano é essencial para o avanço da
produtividade nas economias. Programas de crédito universitário e de
infraestrutura escolar foram destacados pelos representantes de KfW, Nafin,
Corfo e do China Development Bank (CDB).

O banco de
desenvolvimento chinês também chamou a atenção para a cooperação entre bancos
de desenvolvimento de vários países, citando suas linhas de crédito para outras
instituições do Sudeste Asiático ou associações com elas em operações de
cofinanciamento de projetos, além do intercâmbio de informações. Na América
Latina e Caribe, a Alide se destaca por seu papel de intercâmbio de informações
e programas de treinamento oferecidos.

Para a presidente do
BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, o seminário foi um exemplo do valor da
troca de experiências entre os bancos de desenvolvimento. “Tivemos aqui
experiências incríveis relatadas. Fiquei feliz de ver que nós estamos, de
alguma forma, endereçando todos esses temas aqui no BNDES”, afirmou Maria
Silvia, que acompanhou todos os debates e encerrou o evento ao lado de Ceyla
Pazarbasioglu, diretora do Banco Mundial. “Estamos agradecidos de ter todas
essas instituições aqui para nos ajudar a enfrentar os desafios do futuro. O
BNDES exerce um papel-chave na economia brasileira e por isso precisa se
ajustar nesse ambiente de mudanças rápidas não só no Brasil, mas no mundo. É
muito importante essa discussão para que o Banco possa se reposicionar,
repensar o seu papel, seus instrumentos e sua forma de atuação, buscando sempre
dar a máxima contribuição para o desenvolvimento sustentável de nosso país”.

Fonte: Assessoria de Comunicação/ BNDES

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