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A experiência do Banco do Povo, programa executado pela Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), no município de Manaquiri, começa a dar frutos para a agricultura familiar. Alinhada ao acompanhamento técnico do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), a oferta de financiamento a juros de 3% ao ano está transformando a produção de frutas, hortaliças e a avicultura no município. A avaliação é da equipe técnica da Afeam e do Idam que, em visita a propriedades financiadas pelo programa entre 2015 e 2016,  constataram que em algumas propriedades a produção dobrou.

O financiamento disponibilizado pela linha de crédito, de até R$ 15 mil por projeto, está sendo usado para mudar a forma de cultivo e inserir uso de tecnologia. Na propriedade de Jean Sérgio Alcântara, a produção de hortaliça saiu do chão para o cultivo em vasos, capaz de reduzir a perda entre 40% e 50%. O recurso do empréstimo também foi usado para comprar sementes e insumos e instalar um novo sistema de irrigação automatizado, no qual a água já vem com os nutrientes necessários à planta, depois de passar por controle rigoroso do pH (índice de acidez da água) e temperatura.

Os primeiros resultados já são vistos na plantação de couve, tomate e pimentão, que aumentou consideravelmente em relação ao cultivo tradicional. Outra vantagem, segundo o produtor, são as condições do empréstimo, tomado em setembro de 2016 e que só começa a ser pago em setembro do ano que vem. “É um prazo bem razoável, muito bom porque, até lá, usando as tecnologias novas, a gente consegue aumentar a produção, que já dobrou e garantir recursos pra poder quitar essas parcelas do financiamento”, diz.

De acordo com o gerente de crédito da Afeam, Otiniel Monteiro, os resultados da aplicação dos recursos do Banco do Povo no município são satisfatórios. “Apesar do valor do financiamento não ser muito alto, as condições de crédito são excelentes. Ninguém mais no mercado aplica uma taxa de juros de 3% ao ano, com carência de um ano. Isto, realmente, está fazendo um diferencial no interior”.

O agricultor Antônio Mesquita é outro que está otimista com a plantação de maracujá do sítio dele, depois que investiu o valor do financiamento adquirido junto ao Banco do Povo para implantar um sistema de irrigação, que puxa água de um igarapé próximo. Com isso, a plantação garante frutos o ano inteiro. “Antes, dependíamos da chuva. Agora, estamos colhendo o ano inteiro”, comemora Antônio, que fez o empréstimo em dezembro do ano passado e, desde então, já retirou mais de uma tonelada de frutos e mais 500 quilos de poupa da plantação.

O engenheiro agrônomo do Idam, Selmo Andrade, explica que sistema de irrigação é novidade na agricultura familiar no estado. “A irrigação é nova, mas você vê o beneficio, um maracujá excelente muito produtivo. Esperamos que até o final desse ciclo, que vai durar em torno de dois anos, possamos ultrapassar a meta do estado, que é produzir em torno de 15 a 20 mil toneladas por ano”.

Parceiros – O Idam é o principal parceiro da Afeam na execução do programa Banco do Povo no interior. Acompanha o produtor desde a execução do projeto até o inicio da implantação, preparo de área, calagem, adubação, produção de mudas, aquisição de sementes e matrizes. “A gente trabalha em todas as fases da execução do projeto, fazendo o acompanhamento dos produtores diretamente, indo na propriedade três vezes ao mês, fazendo avaliação de adubação, de pragas e doenças, acompanhando de perto, até na comercialização”, observa Selmo.

Entre 2015 e 2016, a Afeam liberou cerca de R$ 400 mil do Banco do Povo para atender 31 agricultores familiares de Manaquiri, recurso que vai aumentar para R$ 500 mil ano que vem, ou seja, mais que o dobro de tudo que foi investido nos dois anos anteriores. Somadas às atividades de outras áreas, como comércio e serviço, o programa liberou R$ 1,1 milhão para 160 operações de crédito no município. Em todo o estado, a agência liberou mais de R$ 120 milhões por meio do Banco do Povo nestes dois anos, com um total de 25 mil operações de crédito e 75 mil ocupações geradas e/ou mantidas. Para 2017, o orçamento previsto do programa é em torno de R$ 60 milhões.