publicações-rumo

Publicações

Notícias


Câmara debate papel do Sistema Nacional de Fomento no financiamento ao agronegócio

9 de novembro de 2021


A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados realizou audiência pública nesta segunda-feira (8) para discutir a atuação do Sistema Nacional de Fomento (SNF) no financiamento ao agronegócio. A audiência foi solicitada pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). O SNF é o maior financiador do agro brasileiro. Para acompanhar a audiência na íntegra, clique no vídeo acima.
No ano passado, as instituições financeiras de desenvolvimento financiaram R$ 153,4 bilhões em crédito rural, o que representou 74% dos R$ 206,4 bilhões contratados em 2020. “Na agricultura familiar, os associados da ABDE financiaram 90% do Pronaf e 85% do Pronampe. E temos uma participação expressiva do Funcafé, trabalhando sobretudo com as cooperativas de café”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sergio Gusmão Suchodolski.
O presidente da ABDE destacou ainda a participação das instituições financeiras de desenvolvimento no Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com o objetivo de planejar ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis.
“É importante falar da agenda de finanças sustentáveis. Precisamos financiar a transição da nossa economia e isso envolve financiar a agricultura de baixo carbono, sobretudo com tecnologias de produção sustentável e que possa reduzir o efeito estufa. O SNF financiou R$ 26 bilhões desde o início da primeira fase do Plano ABC (2010-2020)”.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que solicitou a audiência e a presidiu, sugeriu à ABDE a criação de fundo para apoio à agropecuária sustentável, com crédito subsidiado para recuperação de nascentes, solos e áreas nas propriedades rurais. “Existem iniciativas em alguns estados, mas precisamos de uma ação nacional, inclusive para mostrar ao mundo que incentivamos o cuidado com o meio ambiente”, afirmou o parlamentar.

Leia a cobertura da Agência Câmara de Notícias: Deputado sugere crédito subsidiado para a recuperação de nascentes e matas nas propriedades rurais 

Realidades regionais
Além de Suchodolski, participaram da audiência pública o diretor financeiro do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), Fernando Vicente Netto; o superintendente do Banco do Nordeste, Luiz Sergio Farias Machado; o presidente da Cresol, Cledir Magri; o presidente da GoiásFomento, Rivael Aguiar; a presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), Márcia Maia; e diretora de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Leany Lemos.
Fernando Netto, do Sicoob, apresentou números da atuação da instituição, que conta com R$ 188 bilhões em ativos totais, ocupando a oitava posição no Sistema Financeiro Nacional, e destacou o papel no financiamento do agronegócio. Segundo Netto, o crescimento do Plano Safra em 2020/2021, que encerrou em junho deste ano, em relação ao anterior, foi de 53%. No Plano Safra 2021/2022, o Sicoob já tem novas operações no total de R$8,4 bilhões. “Somamos R$ 105 bilhões em operações de crédito e R$27 bilhões de patrimônio agregado de todos os nossos entes”, pontuou Netto. 
Representando o Banco do Nordeste, o superintendente do banco, Luiz Sergio Farias, mostrou dados do saldo em financiamentos da instituição na área rural e o que projetam para 2022. No Plano Safra 2020/2021, o banco aplicou aproximadamente R$ 10 bilhões.
“O Banco do Nordeste vem buscando atender integralmente o nosso cliente, focando em suas necessidades bancárias. Temos trabalhado com algumas linhas especiais, visando a questão da sustentabilidade, para isso, nós criamos um programa chamado FNE Verde. Além disso, temos buscado fortalecer nossas parcerias estratégicas, porque entendemos que quando realizamos acordos e alianças estratégicas há uma complementaridade de ações, acelerando o processo de fortalecimento do agronegócio”, ressaltou o superintendente.
O presidente da GoiásFomento e diretor da ABDE, Rivael Aguiar, falou um pouco sobre os programas da agência de fomento voltadas ao setor da agricultura. A agência possui cinco programas voltados ao setor: o FCO Rural, que busca atender produtores menores, que possuem dificuldades nos bancos comerciais; o Fungetur Turismo Rural, voltado aos empreendimentos turísticos em propriedades rurais; o Produtor Empreendedor, para pequenos produtores empreendedores do estado; o Mais Crédito Especial Mandioca, exclusivo para pequenos produtores de mandioca para produção de cerveja. “E, por fim, temos o Crédito Social, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social, que têm potencial de produzir hortaliças, avicultura e apicultura”, apresentou Aguiar. 
Para exemplificar o impacto dos financiamentos, Márcia Maia, presidente da AGN, mostrou a história de três clientes que tiveram as suas vidas transformadas a partir do apoio da agência de fomento e ressaltou a importância que as instituições do SNF têm na vida da população atendida.
“O nosso programa CrediMais, que atende o setor da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte, mudou a vida de muitas pessoas. Fomos visitar pessoalmente algumas delas, como a Cícera Franco, que comanda um negócio de agricultura familiar, e com a ajuda do nosso financiamento ampliou a quantidade de culturas que desenvolve junto com sua família, antes restritos à cultura de mandioca”, disse a presidente da AGN.
Ressaltando o tema de sustentabilidade e energia limpa, Cledir Magri, presidente da Cresol e diretor da ABDE, disse: “Hoje os nossos agricultores são grandes produtores de energia limpa, tem muitos produtores de suínos e aves que utilizam os dejetos para produção de energia. Nós temos, dentro do sistema Cresol, uma carteira de crédito extremamente estruturada, no que diz respeito à canalização de recursos para a produção e geração de energia limpa.”
Leany Lemos, diretora de Operações do BRDE e diretora da ABDE, também falou sobre o tema da sustentabilidade no agronegócio e apresentou dados da atuação do banco nesta área. “Nós temos um papel muito importante no setor do agronegócio, sendo cerca de 70% da nossa carteira voltada ao setor. Dentro do crédito rural, financiamos infraestrutura, armazenagem, irrigação, lavoura, pecuária, e agricultura de baixo carbono, que é um ponto muito forte nosso. Hoje, 84% das nossas operações estão ligadas a pelo menos uma meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, finalizou Lemos. 
 
Plano ABDE 2030
A Associação Brasileira de Desenvolvimento (ADBE) anunciou no mês passado a elaboração do Plano ABDE 2030, que será lançado em março de 2022, durante o Fórum do Desenvolvimento. O documento terá ações e propostas concretas para contribuir com o país no cumprimento das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). O Plano será entregue às principais lideranças políticas do país, incluindo presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, de órgãos de controle, governadores e aos presidenciáveis.
“Temos trabalhado na consolidação de instrumentos inovadores e coordenação de atores diversos para assegurar entregas locais. O Plano busca a retomada sustentável, com ênfase no financiamento e tem a missão de contribuir para o atingimento dos ODS em 2030. Essa é a chamada década de ação dos ODS”, explicou Suchodolski. 
Para contribuir com a construção desse plano, a ABDE está realizando uma série de webinares  em conjunto com instituições parceiras e com a participação de especialistas nacionais e internacionais. Na próxima quarta-feira (10), durante a COP26, o tema será “O papel do Instituições Financeiras de Desenvolvimento na mobilização de recursos para meta de Carbono Zero”. No dia 19, a entidade promove debate para discutir “Financiamento a Biodiversidade”. Especialistas discutem no dia 24 o tema “Inovação sustentável.”

Mais notícias